
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foram a Brasília e tiveram que ouvir indiretas sobre a democracia e elogios à postura republicana do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois foram assinar empréstimos de R$ 10,65 bilhões para mobilidade com o BNDES, mas as cutucadas nos dois aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deram o tom da cerimônia.
Tarcísio e Nunes tiveram apoio de Bolsonaro em suas campanhas eleitorais. O governador chegou a se encontrar com Bolsonaro no Palácio do Alvorada no dia em que era discutida a minuta do golpe, em novembro de 2022.
O primeiro a alfinetar Tarcísio e Nunes foi o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmando que a concessão dos empréstimos “só é possível porque o senhor [presidente Lula], além de ser uma grande democrata, e demonstrou isso ao longo de toda a sua vida, tem um profundo compromisso com o pacto republicano. Não é fácil um presidente e um vice-presidente, que foram ameaçados de morte, de um golpe de Estado e tudo que nós assistimos recentemente, manter a mesma atitude de compromisso e respeito ao voto popular, com quem é eleito, um PAC que trata com todos os prefeitos e governadores do Brasil. É assim que a gente vai melhorar esse país”.
A cutucada seguinte veio de Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil: “o senhor (presidente Lula) mostra mais do que nunca a figura de um estadista que não se abala um milímetro, mesmo com todas as informações e noticias que vieram à tona daqueles que tramaram um golpe de estado. Chegaram a tramar algo que ninguém neste salão ou no país imaginava que poderia acontecer no país, que alguém teria coragem de tramar a captura, o sequestro, a morte de um ministro do Supremo Tribunal Federal, de um presidente da República eleito e de um vice-presidente da República eleito.
A última indireta veio do vice-presidente Geraldo Alckmin, que lembrou que nos tempos da ditadura militar, os adversários políticos não recebiam o mesmo tratamento dispensado aos aliados. “Como é bonita a democracia. Passadas as eleições, os entes federados, juntos, trabalhando para alcançar o interesse público e o bem comum. […] Fui vice-prefeito da minha cidade natal [Pindamonhangaba-SP] no período triste da ditadura no Brasil, onde nós prefeitos éramos separados pelo partido político […] Só tinha reunião com o governo federal quem era do partido do presidente. A democracia é o respeito ao povo”.
Tanto Tarcísio como Nunes se limitaram a agradecer ao presidente Lula, aos ministros e ao presidente do BNDES, e ressaltaram a importância de trabalharem juntos, mas não fizeram referências à democracia. O prefeito disse que é importante “entregar as ações não pensando na cabeça de quem entrega, mas de quem utiliza.