
Moradores da Ocupação dos Queixadas, em Cajamar (SP), protestaram na sede do PSD em São Paulo na manhã de segunda-feira (23/6). Segundo o Ponte, eles buscavam diálogo com lideranças do partido para intervir junto ao prefeito Kauãn Berto (PSD) sobre a ameaça de despejo da comunidade. O protesto, que incluía crianças e idosos, foi reprimido pela Polícia Militar com gás de pimenta e agressões.
Os moradores ocuparam o hall de entrada da sede do partido, na Bela Vista, acorrentando-se às catracas para chamar a atenção da cúpula do PSD, presidido por Gilberto Kassab, atual Secretário de Governo e Relações Institucionais do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). A intenção era pressionar o prefeito, filiado ao partido, a negociar uma solução para a questão da moradia.
A Polícia Militar chegou ao local cerca de uma hora após o início do protesto. Policiais da Força Tática formaram um cordão de isolamento e, segundo os manifestantes, começaram a reprimir o ato com truculência, usando spray de pimenta mesmo com a presença de crianças e idosos. “Eles sequer ouviram a gente. Começaram a empurrar as famílias, jogaram spray de pimenta mesmo com crianças no meio, deram chutes nas pessoas, forçando na marra para que saíssemos do prédio”, relatou Irene Maestro, advogada e representante da Luta Popular, movimento que organizou o protesto.
Os manifestantes foram forçados a encerrar o ato por volta das 11h40, com mais de 30 viaturas da PM cercando o prédio. A advogada afirmou que a intenção do grupo era dialogar com o prefeito, que se recusa a recebê-los. Eles planejam novos atos para pressionar as autoridades. A Ocupação dos Queixadas, localizada em um terreno particular sem função social no bairro Panorama, abriga cerca de 100 famílias desde julho de 2019. Os moradores temem o despejo iminente, considerando o plano apresentado pela prefeitura inadequado para realocá-los dignamente.
Em fevereiro, o governo estadual teria sinalizado a possibilidade de inclusão da comunidade no Programa Cidade Legal, que visa regularizar núcleos habitacionais. No entanto, a iniciativa depende de uma solicitação da prefeitura, que ainda não foi feita. A Ponte informou que tentou contato com a prefeitura de Cajamar, o PSD e a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, mas não obteve resposta.