domingo, 14/12/2025
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A estratégia da extrema-direita passa por caos e violência; Tarcísio participa dela

Governadores de extrema-direita se unem em torno do colega do Rio de Janeiro para fomentar a pauta da segurança, exigir endurecimento e mudar os rumos do debate público no país
Bandeira usada em protesto contra a operação policial que deixou mais de 120 pessoas mortas no Complexo da Penha, em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Bandeira usada em protesto contra a operação policial que deixou mais de 120 pessoas mortas no Complexo da Penha, em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O massacre no Rio de Janeiro nesta semana era tudo o que a extema-direita queria para mudar a pauta pública e promover uma agenda onde imperam a violência, o medo e a desordem. A criação do comitê de governadores do eixo direitista é o sinal de que a ação de Claudio Castro (PL) no Rio de Janeiro deu o start para que o Brasil pare de falar de democracia, soberania, acordo com Trump. A pauta agora é tocar o terror em nome do combate ao crime.

Nesta quarta-feira (29) os governadores fizeram uma reunião virtual com Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Jorginho Mello (PL-SC). Mas na quinta (30) o encontro será presencial e deverá ter mais participantes com a chegada de Mauro Mendes (União-MT), Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Junior (PSD-PR), Eduardo Riedel (PP-MS) e a vice-governadora Celina Leão (PP-DF).

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Não é pouca coisa. Significa uma união (pelo menos quer parecer assim) em torno de uma das grandes pautas da extrema-direita e onde a esquerda sempre teve dificuldades de transitar: a segurança pública.

Com a operação ainda em andamento, o governador do Rio já mandou o primeiro sinal de que começaria a disputa pela opinião pública: criticou o governo Lula por não ajudar na operação. O governo federal não deixou barato e o ministro da Justiça Ricardo Lewandowski disse na sequência que nenhum pedido chegou até ele. Mais tarde, Claudio Castro voltou atrás, mas os cortes para as redes sociais já estavam circulando com a versão de que a culpa pelo massacre era do governo Lula.

Pré-candidato ao Senado, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, pediu afastamento do cargo para retornar à cadeira para a qual foi eleito: deputado federal. Ficará por lá apenas o tempo suficiente para relatar um projeto de lei que considera as facções criminosas como organizações terroristas. Seria o mote de campanha para Derrite e colabora com um movimento maior. Com esta pauta, a extrema-direta tenta retomar a agenda do Congresso Nacional depois de perder a PEC da Bandidagem e ver a anistia cada vez mais longe de ser aprovada. O endurecimento violento com as facções criminosas agrada parte do eleitorado e o governo federal, que é contra a medida, terá que se posicionar e mostrar outras alternativas. Em outras palavras: a direita quer mostrar que o governo Lula é fraco com o crime organizado enquanto eles sabem como resolver: endurecendo mais.

A ligação entre crime organizado e terrorismo encontra eco no discurso do senador Flavio Bolsonaro, o mais “moderado” do clã, que pediu a Trump, via redes sociais, para bombardear a Baía de Guanabara e eliminar traficantes. Coincidência? Cinco dias depois foi o que Cláudio Castro fez, mas não na zona Sul, obviamente. Preferiu atacar nas comunidades pobres do Rio. E o fez quando o presidente Lula estava incomunicável, dentro de um avião voltando da Ásia, portanto sem capacidade de articular o seu governo para uma resposta rápida.

O maior massacre por operação policial da história do país não pode cair no esquecimento. Todas as mortes devem ser investigadas e se houve abusos – e é claro que houve – os responsáveis devem ser punidos.

Mas a manutenção da pauta da segurança nos moldes como quer a extrema-direita, promovendo o caos para pregar mais força e mais violência, só interessa a eles. Caberá à esquerda e ao governo a difícil tarefa de apresentar outras soluções para o problema do crime organizado (com mais inteligência) e voltar à pauta assuntos como redução da fome, queda do desemprego, inflação controlada e desenvolvimento econômico.

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