
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), criticou a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em relação ao “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos e ao apoio público de Tarcísio a Donald Trump. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao ICL Notícias, nesta segunda-feira (27).
Alckmin lamentou que o governador de São Paulo tenha comemorado a possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, especialmente no contexto das tarifas que impactam negativamente o estado. “Quero lamentar a postura do governador do estado de São Paulo. Primeiro, porque São Paulo é um dos principais prejudicados nessa questão do tarifaço, ele não devia aplaudir o presidente dos EUA em um momento como esse”, afirmou Alckmin.
O vice-presidente ressaltou que São Paulo é o estado mais afetado pelo aumento das tarifas, uma vez que concentra grande parte da indústria nacional, setor que mais exporta para os Estados Unidos. “São Paulo é onde está fortemente a indústria, que é o que exportamos mais para os Estados Unidos e é mais difícil colocar em outros países. Não é fácil competir, especialmente com os países asiáticos. É lamentável defender uma coisa que é injusta, não tem sentido”, completou.
Encontro Lula-Trump e relações Brasil-EUA
Alckmin também comentou sobre o encontro entre o presidente Lula e Donald Trump na Malásia, classificando-o como “muito positivo”. Segundo ele, o diálogo entre os dois países está sendo restabelecido e aprofundado, o que pode abrir caminho para discussões sobre questões tarifárias e não-tarifárias.
O vice-presidente destacou que o Brasil já possui tarifas baixas em relação aos Estados Unidos, com uma tarifa média de 2,7%. Ele mencionou que, dos dez produtos que os EUA mais exportam para o Brasil, oito têm tarifa zero. “Só tem três países do G20 que os EUA têm superávit na balança: Reino Unidos, Austrália e Brasil. Não tem sentido essa tarifa de 10 + 40”, argumentou.
Avanços no comércio exterior
Alckmin ressaltou os avanços do Brasil no comércio exterior, mencionando acordos firmados com Singapura e com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), além das negociações em andamento com a União Europeia e os Emirados Árabes. “Comércio Exterior é emprego, a empresa cresce, ganha escala, muda de patamar”, explicou.
Ele também comentou sobre a relação do Brasil com a China e os Estados Unidos, defendendo o multilateralismo e a busca pelo interesse nacional. “Nós temos que ter ótimo relacionamento com a China, é um país que cresce fortemente. Os EUA é o maior PIB do mundo e um comércio importante porque tem muito produto de valor agregado, e o maior investidor no Brasil. Nós não temos que entrar nessas brigas, nós temos que fazer e defender o multilateralismo”, afirmou.
Críticas a Eduardo Bolsonaro
Durante a entrevista, Alckmin criticou, sem mencionar nomes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem atuado junto a autoridades norte-americanas para “constranger instituições brasileiras e pressionar em favor do pai, Jair Bolsonaro”. “Eu lamento que o Congresso Nacional tenha parlamentar pago com dinheiro público fora do país trabalhando contra o emprego no Brasil, contra as empresas no Brasil, tentando prejudicar a economia brasileira”, disse.
Alckmin finalizou reforçando a importância de respeitar o resultado das eleições e trabalhar para solucionar os problemas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.


