
Sob pressão, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem recuado da implementação de pórticos do sistema de pedágio eletrônico “free flow”, que elimina as praças físicas e cobra automaticamente os motoristas conforme o trecho percorrido. O projeto, desde abril, tem enfrentado forte resistência da população e de políticos, resultando na suspensão ou cancelamento de ao menos 12 pedágios, informa a TVT News,
Uma das principais críticas ao sistema é a sua extensão a áreas urbanas, o que onera motoristas que circulam entre bairros na mesma cidade. Essa controvérsia levou o governo a reavaliar concessões como o Lote Sorocabana e o Novo Litoral, e a rediscutir contratos já firmados.
De acordo com o Diário Oficial e a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), dez pedágios foram suspensos ou transformados em pontos de monitoramento de tráfego, e dois foram oficialmente cancelados. Em Sorocaba, cinco pórticos na Rodovia Raposo Tavares (SP-270) e vias próximas deixaram de cobrar pedágio, limitando-se a contar o fluxo de veículos. Dois pontos em áreas densamente povoadas foram cancelados. Situação semelhante ocorreu em Cotia, onde o pórtico foi deslocado para o km 39 após manifestações da população.
Na Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304), os pedágios planejados para Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba foram cancelados devido à pressão popular. No Litoral Sul, dois pontos da Padre Manoel da Nóbrega (SP-055) foram desativados. Em Santos, moradores próximos aos pedágios podem se cadastrar para isenção da tarifa.
A pressão popular mobilizou até políticos da base aliada. Em Sorocaba, moradores organizaram protestos, e o prefeito Rodrigo Manga, do mesmo partido que o governador (Republicanos) pediu a retirada dos pedágios urbanos. Em Cotia, manifestações reuniram centenas de pessoas.
Na Assembleia Legislativa (Alesp), deputados da oposição e da base governista se uniram contra o modelo. O deputado Vitão do Cachorrão (Republicanos) protestou na Raposo Tavares, chamando o projeto de “injusto e insensível com a população”. Em Mogi das Cruzes, a prefeita Mara Bertaiolli (PL) obteve liminar suspendendo a cobrança na Rodovia Mogi-Dutra, alegando violação ao princípio da modicidade tarifária.
A gestão Tarcísio atribui as mudanças a uma revisão técnica da Artesp e da Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI). Segundo o diretor-presidente da Artesp, André Isper, os ajustes visam impedir a cobrança de motoristas que trafegam apenas dentro do próprio município. A Secretaria de Parcerias garantiu que os contratos de concessão serão mantidos e as obras não serão prejudicadas.

