
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), foi acusado de atuar nos bastidores para derrubar a Medida Provisória (MP) da taxação dos bancos e fintechs. A medida faria com que esses setores pagassem R$ 17 bilhões em impostos a mais em 2026. O governo federal considera esses recursos essenciais para o equilíbrio das contas públicas.
A denúncia contra Tarcísio partiu do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), relator da proposta, que afirmou que o governador ligou para parlamentares buscando votos contrários à MP. Vários veículos de comunicação publicaram que Tarcísio estaria de fato ligando para deputados.
A MP tinha que ser votadada até hoje para não caducar. Mas um requerimento de adiamento do deputado Kim Kataguiri (União Brasil) foi aprovado por 251 a 193. A derrota é também uma retaliação por conta da derrubada da PEC da Bandidagem no Senado há duas semanas.
Zarattini alega que Tarcísio se uniu a líderes do Centrão, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, em uma manobra para prejudicar o governo Lula e favorecer a oposição nas eleições de 2026. “Estão querendo prejudicar o governo pela campanha de 2026”, acusou o deputado.
Segundo ele, a sabotagem da MP atrapalha programas essenciais do governo. A MP do IOF (como ficou conhecida) visava taxar apostas online, fundos de investimento isentos e outras operações financeiras, com o objetivo de arrecadar cerca de R$ 35 bilhões para os cofres públicos. No entanto, após negociações no Congresso, a previsão de arrecadação caiu para R$ 17 bilhões.

“Infelizmente, nós vimos que o governador de São Paulo, em vez de tomar conta do Estado, de cuidar dos problemas do Estado, resolveu abandonar a sua cadeira no Palácio dos Bandeirantes para assumir a candidatura a Presidente da República com apoio do presidente do PP, Ciro Nogueira, e com apoio do presidente da União Brasil, Rueda”, disse Zarattini em entrevista coletiva.
“O que o governo quer com esses recursos é poder atender o que está na LDO, que é cumprir o superávit primário no ano que vem e com isso favorecer a queda de juros no Brasil, que nós queremos que baixe porque são excessivos”.
Zarattini afirma que havia acordo com o Centrão para aprovação da MP, mas que depois da ação intensiva de Tarcísio e dos caciques do PP e União Brasil, o acordo foi rompido.
“Então, houve acordo, o acordo foi sabotado por esses partidos, pelo governador Tarcísio, pelo FPA, que é a frente do agronegócio aqui nessa casa e no Senado Federal, que se comprometeram e negociaram conosco e depois tiraram o time de campo”, atacou o relator.
Defesa de Tarcísio
Tarcísio de Freitas negou as acusações, afirmando que está focado nos desafios e demandas de São Paulo e que a questão da MP cabe ao Congresso Nacional. “Estou totalmente focado nos desafios e nas demandas de São Paulo. Temos muitas ações e prioridades em andamento aqui no estado, e essa questão cabe ao Congresso”, declarou através de sua equipe. Apesar da negativa, parlamentares relatam que o governador tem feito contato com deputados em busca de votos contrários à Medida Provisória.
Impacto da MP do IOF
A MP do IOF é considerada crucial para o governo Lula atingir a meta fiscal e garantir a manutenção de programas sociais como o Gás do Povo e o Luz do Povo. A não aprovação da MP pode levar a cortes em programas essenciais e comprometer o arcabouço fiscal do governo. O governo defende que a medida é necessária para garantir recursos sem comprometer políticas públicas.