Foto: acervo pessoal.
Uma despedida pessoal a Paulo Frateschi — amigo, companheiro e exemplo de coragem e humanidade.
Por Paulo Salvador
Perdemos um grande amigo. Digo “nós”, porque Paulo Frateschi não era apenas um companheiro de caminhada política — era um daqueles raros seres humanos que nos ensinam, pela vida, o que é coragem, generosidade e compromisso com o outro.
A notícia da tragédia me atingiu como um soco. É difícil acreditar que o mesmo homem que enfrentou com firmeza as perseguições da ditadura, que suportou perdas terríveis e mesmo assim seguia em frente com uma fé quase teimosa na vida, tenha partido dessa forma. A família Frateschi já havia carregado dores imensas — a perda de Pedro e Júlio num acidente, o acidente de Chicão, e agora esta tragédia sem nome. É como se a vida, por vezes, se tornasse um campo minado de provas para os mais valentes.
Mas Paulo era feito de uma fibra que não se dobra. Vi nele, tantas vezes, a serenidade dos que sabem o que é lutar por justiça sem se amargar. Ele tinha o dom de reunir pessoas, de ouvir, de animar, de fazer da política um gesto de afeto e esperança. Era um militante de alma inteira — desses que acreditavam que mudar o mundo é, antes de tudo, um ato de amor.
Quando Lula escreveu, com o coração partido, que perde um companheiro de décadas, ele falava por muitos de nós. Paulo foi dirigente, deputado, fundador, construtor. Mas, acima de tudo, foi um homem bom — e é isso que fica.
Hoje o velório acontece na Assembleia Legislativa, aberto ao público desde cedo, e o cortejo seguirá às 14h para o Cemitério Memorial Parque Jaraguá. Lá, às 15h30, nos despediremos de Paulo — fisicamente, porque ninguém se despede de quem semeou tanto afeto e esperança.
Abraço com ternura a Yolanda, que foi sua companheira de todas as horas, e a toda a família, tão duramente atingida. Que encontrem alguma paz no meio dessa dor tão funda.
E nós, que seguimos por aqui, ficamos com a lembrança e o compromisso que Paulo nos deixou: seguir marchando, como dizia o poeta, mesmo quando o mundo parece desabar — porque é assim que se honra os que nos ensinaram a não desistir.
Paulo Salvador é jornalista e da comunidade Radar Democrático
* O Radar Democrático publica artigos de opinião de autores convidados para estimular o debate.



