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Justiça barra penalização de professores por licenças médicas em São Paulo e suspende critérios ilegais da Secretaria da Educação

APEOESP: mobilização do sindicato marca a luta contra critérios ilegais da Secretaria da Educação e em defesa dos direitos dos professores da rede estadual. Foto: Assessoria Professora Bebel.

Decisão judicial conquistada pela APEOESP protege direitos trabalhistas, impede punições por afastamentos legais e atinge toda a rede estadual de ensino.

Por Radar Democrático

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Uma decisão liminar do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) suspendeu dispositivos das resoluções da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC) que penalizavam professores da rede estadual por afastamentos legais, como licença médica, licença-maternidade, licença-paternidade e outros afastamentos previstos em lei. A vitória judicial foi conquistada pela APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), após o ajuizamento de ações coletivas contra os critérios considerados ilegais.

A liminar atinge diretamente dispositivos das Resoluções SEDUC nº 95/2024 e nº 132/2025, que vinham sendo utilizadas para rebaixar classificação de docentes, restringir atribuição de aulas, reduzir jornada e até inviabilizar contratos temporários, mesmo quando os afastamentos eram plenamente legais.

O que a Justiça suspendeu

A decisão reconhece que a Secretaria da Educação extrapolou seu poder normativo ao criar punições não previstas em lei. Com isso, ficam suspensos os dispositivos que:

  • Penalizavam professores que não atingissem 90% de frequência, mesmo quando as ausências decorriam de licenças legais;
  • Previam perda de aulas, redução de carga horária ou extinção contratual em razão de afastamentos por saúde, maternidade ou outros direitos garantidos;
  • Impediam ou restringiam o direito ao recurso administrativo em processos de classificação e atribuição;
  • Desconsideravam tempo de serviço e experiência profissional de docentes recém-nomeados;
  • Criavam obstáculos à participação em programas como Programa de Ensino Integral (PEI), Sala de Leitura e Multiplica SP.

Além disso, a liminar determina a suspensão de todos os atos administrativos já praticados com base nesses critérios ilegais.

Vitória sindical e defesa da legalidade

Para o Judiciário, os afastamentos previstos em lei configuram tempo de efetivo exercício, não podendo gerar punições funcionais ou financeiras. A decisão também aponta violação ao Estatuto do Servidor Público, à Lei Complementar nº 1.374/2022 e a princípios constitucionais como a legalidade, a razoabilidade e o direito à ampla defesa.

A APEOESP sustentou que a edição da Resolução nº 132/2025 repetiu irregularidades já questionadas judicialmente, configurando tentativa de driblar decisões anteriores da Justiça. O entendimento foi acolhido pelo Tribunal.

Abrangência da decisão

A liminar vale para toda a rede estadual de ensino de São Paulo, alcançando tanto professores efetivos quanto temporários. A medida garante proteção imediata à categoria, impedindo que licenças legais sejam usadas como critério de punição, exclusão ou rebaixamento profissional.

Orientação aos professores

A APEOESP orienta docentes que tenham sido prejudicados por:

  • Perda de aulas ou de carga horária;
  • Rebaixamento em processos de classificação;
  • Impedimento de participação em programas pedagógicos;
  • Restrições ao direito de recurso administrativo;
  • Qualquer penalização decorrente de licenças legais;

Procurar a subsede do sindicato mais próxima, munidos de documentos, comunicados oficiais ou registros administrativos que comprovem o prejuízo sofrido, para adoção das medidas cabíveis.

Impacto para a política educacional

A decisão representa um freio importante à lógica de gestão por punição, que vinha sendo aplicada na rede estadual, e reforça que políticas educacionais não podem violar direitos trabalhistas nem tratar o adoecimento e a maternidade como falhas funcionais.

Para a APEOESP, a liminar reafirma o papel do sindicato na defesa da educação pública, da valorização docente e da legalidade administrativa, além de abrir caminho para a correção de injustiças já praticadas contra milhares de professores em todo o estado.

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