
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou a Favela do Moinho, em São Paulo, e prometeu moradia digna às famílias que residem no local, alvo de um projeto de construção de parque idealizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Enquanto o governador buscava a remoção dos moradores, inclusive com o uso da força policial, Lula anunciou um acordo que prevê a realocação pacífica das famílias com auxílio financeiro para a compra de novas casas. A moradora Flávia da Silva relatou ter pedido “socorro” a Lula após ações truculentas da PM na comunidade.
Lula assinou uma portaria que garante às famílias da Favela do Moinho até R$ 250 mil para a aquisição de um imóvel, sendo R$ 180 mil subsidiados pelo governo federal e R$ 70 mil pelo governo estadual. Além disso, as famílias receberão um aluguel social de R$ 1,2 mil até se mudarem. “Todos querem ter o desejo de ser felizes, morar bem, ter casa razoável para morar e viver com a cabeça erguida nesse país”, disse Lula durante o evento. O presidente criticou a possibilidade de um parque ser construído “às custas do ser humano”.

A ação do governo Lula contrasta com a postura anterior do governo Tarcísio, que iniciou a remoção dos moradores da favela em abril deste ano. A retirada das famílias foi marcada por relatos de uso excessivo da força policial e denúncias de violência. O acordo firmado com o governo federal visa garantir que a saída dos moradores ocorra de forma pacífica e com respeito aos seus direitos.
Lula na favela, Tarcísio no estúdio
“Há mais de um ano nós dissemos que íamos acabar com a favela do Moinho” postou o governador Tarcísio em suas redes sociais ontem pela manhã, pouco antes da visita do presidente Lula ao local. Tarcísio estava num estúdio, com sua imagem sobreposta a vídeos da favela. Mas o governador não foi ao local, ao contrário do presidente que fez questão de ir se encontrar com os moradores.

A visita de Lula à Favela do Moinho e o anúncio do acordo para a realocação das famílias geraram repercussão na imprensa e nas redes sociais. A ausência do governador Tarcísio de Freitas no evento também foi notada e comentada. Lula teceu críticas à gestão de Tarcísio, afirmando que sua preocupação era com o bem-estar das famílias. O presidente afirmou que o governador havia sido convidado, mas preferiu cumprir agenda em São Bernardo do Campo.
Críticas à remoção forçada
“A repressão policial que a gente passou aqui, a opressão. Não houve diálogo, houve agressão”, declarou Flávia. A moradora ainda agradeceu a intervenção de Lula, afirmando que, sem ela, os moradores seriam “massacrados”, informa o Brasil 247. O presidente reforçou que a remoção das famílias só ocorrerá com a garantia de direitos e de forma voluntária. “Esse terreno é da União e os moradores não podem ser retirados à força”, afirmou Lula.
O futuro do Moinho
A área da Favela do Moinho, que pertence à União, será cedida ao governo do estado de São Paulo para a construção do Parque do Moinho, mas somente após a realocação de todas as famílias. Lula enfatizou a importância de garantir a dignidade dos moradores durante o processo. “Se passássemos o terreno para o governo, eles usariam a polícia e enxotariam todos”, disse o presidente. O ministro das Cidades, Jader Filho, explicou que as famílias poderão escolher onde querem morar, em qualquer cidade do estado de São Paulo, e que o governo federal auxiliará na busca por imóveis.
A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, ressaltou que a indefinição jurídica sobre a área estava relacionada à antiga Rede Ferroviária Federal. Lula, durante o evento, criticou a proposta de construção do parque nos moldes apresentados pelo governo estadual, afirmando que um parque “não pode ser feito às custas do sofrimento de um ser humano“. A comunidade solicitou a construção de um memorial no local para preservar a história do Moinho.