sexta-feira, 12/12/2025
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Crise na segurança em SP: deputado Reis critica desmonte e desvalorização policial

Em entrevista ao Radar Democrático, o parlamentar aborda a violência policial, a precarização do serviço público e a urgência da fiscalização popular na gestão Tarcísio.
Em entrevista ao Radar Democrático, o deputado estadual Reis, do PT de São Paulo, fez duras críticas à política de segurança pública do estado, apontando o sucateamento e a desvalorização das forças policiais que se arrastam há décadas e se aprofundam na gestão atual.Segundo Reis, a população é a principal vítima desse cenário.

Paulo Batista dos Reis, nasceu no Capão Redondo, periferia de São Paulo, teve uma trajetória profissional diversificada antes de ingressar na política atuando como cobrador de ônibus, ajudante de supermercado, metalúrgico, professor e investigador policial.Sua experiência na área da segurança pública o tornou um crítico das políticas do governo estadual, defendendo a valorização das forças policiais, o combate ao sucateamento e a transparência na gestão.

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Formado em Direito, Reis construiu uma carreira política engajada nas causas das periferias, sendo vereador na capital paulista por três mandatos consecutivos (2013-2023) antes de ser eleito deputado estadual em 2022.Assista à entrevista completa ao Radar Democrático ao sobre os desafios da segurança pública no estado.

O parlamentar destacou que a Polícia Civil de São Paulo enfrenta um déficit de quase 15 mil policiais, incluindo delegados, escrivães, investigadores, médicos legistas e peritos. Essa falta de pessoal leva ao fechamento de delegacias, com apenas 27 das 93 funcionando 24 horas por dia, e muitas delas operando apenas em horário comercial em dias úteis. Consequentemente, a investigação é comprometida, e crimes ficam sem solução.

Reis também apontou que o salário inicial de um investigador de terceira classe é de R$ 5.600 líquido, e o de um soldado da Polícia Militar é de R$ 4.000, valores considerados “muito pouco” para a complexidade e o estresse da profissão. Ele ressaltou o alto índice de adoecimento policial, com uma taxa de suicídios de 40% na Polícia Civil, superando o número de mortes em operações.

O deputado afirmou que, embora o atual governo tenha convocado cerca de 4 mil novos policiais civis, o número de aposentadorias em potencial (cerca de 6 mil policiais aptos a se aposentar) agrava o déficit, que pode chegar a 21 mil profissionais.

Subnotificação de crimes e crimes cibernéticos

A dificuldade no registro de ocorrências foi outro ponto levantado. Reis explicou que a subnotificação de crimes é alta devido à lentidão no atendimento nas delegacias físicas e à falta de acesso ou conhecimento para utilizar a delegacia eletrônica. Essa situação, segundo ele, distorce as estatísticas governamentais, que apontam redução da criminalidade sem refletir a realidade.

Sobre crimes cibernéticos, o deputado reconheceu a eficiência de departamentos como o DIPOL (Departamento de Inteligência da Polícia Civil) e a Divisão de Crimes Cibernéticos do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais), mas alertou que a estrutura é “muito pequena” para a vasta quantidade de delitos. Ele defendeu maior investimento e descentralização da inteligência policial e equipamentos para combater golpes e fraudes praticados via celular ou internet.

Polícia Militar e escolas cívico-militares

Reis criticou a falta de atenção do governador Tarcísio de Freitas à Polícia Civil, concentrando o foco na Polícia Militar. Ele enfatizou que a polícia como um todo é vítima da falta de investimento do Estado, e a sociedade arca com as consequências. O deputado defendeu uma polícia bem estruturada, valorizada e que respeite os direitos do cidadão, tratando criminosos com firmeza e investindo na investigação para combater a impunidade.

Em relação às escolas cívico-militares, Reis e a bancada do PT votaram contra o modelo na Assembleia Legislativa. Para ele, a iniciativa é “muito ideológica”, ligada à extrema-direita, e serve como um “bico para os amigos do governador”. Ele argumentou que monitores militares aposentados, que já possuem altos salários, ganharão mais do que professores e diretores, utilizando dinheiro que deveria ser investido na educação e na melhoria salarial dos profissionais da área. Reis criticou a “falência do sistema de ensino”, com salários indignos para professores e escolas precárias.

Câmeras corporais e fiscalização pública

O deputado Reis defendeu o uso universal de câmeras corporais por todos os funcionários públicos, incluindo deputados e o próprio governador, como forma de proteção para os policiais e de fiscalização popular. Ele mencionou um projeto de sua autoria que prevê essa medida.

Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis e PEC da Segurança

Reis destacou a importância da Lei Federal 14.735, aprovada no governo Lula, que estabelece as diretrizes para as Polícias Civis do Brasil e força os estados a reestruturarem suas carreiras.

Sobre a PEC da Segurança, o deputado minimizou grandes alterações, mencionando a criação da Polícia Ostensiva Federal (que agrupará a Polícia Rodoviária Federal e outras polícias federais com funções reduzidas) e a possibilidade de a Polícia Federal investigar crimes interestaduais e internacionais em conjunto com as polícias estaduais. Ele refutou a ideia de que a PEC tira atribuições dos governadores, afirmando que ela visa auxiliar no combate a organizações criminosas. A PEC também constitucionaliza o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).

Radar Democrático
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