domingo, 8/06/2025
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Desenvolvimento científico

Márcio França critica ameaças de Tarcísio à pesquisa em São Paulo

Ministro do Empreendedorismo alerta que cada produto exportado pelo estado tem ingredientes desenvolvidos nos institutos estaduais de pesquisa
Ministro Márcio França - Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ministro Márcio França – Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Ministro de Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, pré-candidato ao governo de São Paulo, manifestou numa rede social sua preocupação com o futuro da pesquisa científica no estado. Em vídeo, o ministro aborda propostas do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) que podem desmantelar o sistema de pesquisa paulista.

A postagem também menciona diversas instituições de pesquisa e ensino, como USP, Unicamp, Unesp, Fapesp, Centro Paula Souza, IAC e Instituto Butantan. Em sua fala, Márcio França iniciou destacando que São Paulo é um dos estados mais importantes e ricos do mundo, e que grande parte dessa riqueza provém da pesquisa acumulada ao longo de muitos anos.

Ele ressaltou que os paulistas destinam mensalmente uma parte de seus recursos para instituições de pesquisa, universidades, ETECs, FATECs e FAPESP e diz que essa contribuição tem sido “muito útil” e que a tecnologia criada no estado acompanha cada produto exportado.

França expressou surpresa e preocupação com a intenção do governador Tarcísio de “mudar toda esse sistema dos institutos de pesquisa com uma lei nova que está na Assembleia”, que extingue a carreira de pesquisador científico. França criticou a falta de diálogo, afirmando que a proposta altera tudo “sem discutir com nenhum pesquisador de São Paulo”.

Outra preocupação do ministro é a intenção de Tarcísio de vender fazendas experimentais, “lugares onde as pessoas pesquisam as soluções para o futuro”. Márcio França descreveu essas medidas como um “grande equívoco”, lamentando que uma pessoa que, em sua visão, “não conhece bem o estado de São Paulo não saiba a importância que tem o Butantã, que tem o IAC, esse instituto que tem tanta história para contar e tem tanto para ensinar para o nosso futuro”.

Ao finalizar, Márcio França fez um apelo direto ao governo Tarcísio, ao secretário de Ciência e Tecnologia e aos deputados, que não aprovem a lei “sem discutir com os próprios pesquisadores e toda a comunidade científica de São Paulo”.

Ataques à pesquisa em São Paulo

Entenda os ataques do governo Tarcísio à pesquisa científica no estado de São Paulo:

  • Em junho, a Assembleia Legislativa (Alesp) já debatia a ameaça a pesquisadores científicos com projeto de lei do governo Tarcísio. O Projeto de Lei (PLC 09/2025) busca extinguir a carreira de Pesquisador Científico no estado, gerando preocupações sobre o desenvolvimento científico e tecnológico. Uma audiência pública na Alesp reuniu diversas entidades e pesquisadores para discutir os impactos negativos da proposta. Dentre as vozes críticas está a a APqC (Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado) e a deputada estadual Beth Sahão (PT).
  • Em maio, o Radar Democrático publicou que o governador Tarcísio de Freitas estaria promovendo ataques à pesquisa em SP. Artigo de Rogério Bezerra da Silva o classifica como “negacionista científico”, citando políticas que enfraquecem institutos de pesquisa e universidades públicas, como a proposta de venda de terras de institutos como o Agronômico de Campinas (IAC) e a reestruturação das carreiras de pesquisadores.
  • Em abril, foi reportado que o dinheiro da venda de fazendas experimentais seria dividido, com apenas 20% para pesquisa e 80% para o caixa do governo. O plano do governo paulista para a venda de fazendas experimentais tem gerado controvérsia devido à falta de transparência sobre o destino dos 80% da receita e à preocupação com a perda de patrimônio público, científico, ambiental e cultural.
  • Desde fevereiro, o Radar Democrático já havia alertado sobre a intenção do governo Tarcísio de vender imóveis de 25 unidades de pesquisa em todo o estado. A Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) estaria realizando regularização fundiária e avaliações de preço de mercado em diversas unidades de pesquisa, com estudos em andamento em cidades como Campinas, Jundiaí e Ribeirão Preto. Entidades como a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) têm se posicionado criticamente contra a abordagem privatista.

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