segunda-feira, 30/06/2025
Notícias que São Paulo precisa
Política

Orçamento de SP: Tarcísio tira dos pobres para dar aos ricos

LDO 2026 prevê cortes em áreas sociais e aumento de benefícios fiscais para empresários, critica bancada do PT
Discussão da LDO no Plenário da Alesp - Foto: Rodrigo Costa 
Discussão da LDO no Plenário da Alesp – Foto: Rodrigo Costa

Para o ano eleitoral o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) resolveu fazer bondade com os ricos e maldade com os pobres: a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em discussão na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) prevê cortes em áreas essenciais como educação, saúde e assistência social, enquanto os empresários vão ter mais benefícios fiscais com isenções e descontos de impostos. A crítica é da bancada da federação PT/PCdoB/PV. O projeto está em fase final de votação, que deve acontecer nesta terça-feira, 1º de julho.

Cortes em gastos sociais feitos por Tarcísio

Os cortes atingem programas como os restaurantes Bom Prato e o Viva Leite, além de ações na área da saúde, como atenção à saúde mental de policiais, saúde da população prisional e custeio da rede de reabilitação Lucy Montoro. Ações de defesa civil, como preparação para desastres, também estão fora das prioridades.

Enquanto isso, a renúncia de receitas tributárias deve aumentar de R$ 71,5 bilhões em 2025 para R$ 85,6 bilhões em 2026, um aumento de R$ 14 bilhões (19,6%). O ICMS e o IPVA são os principais responsáveis por esse aumento, com R$ 12,5 bilhões (+18,9%) e R$ 1,55 bilhão (+30,57%), respectivamente.

Enio Tatto (PT): quem se beneficia da renúncia fiscal? - Foto: Rodrigo Costa/Alesp
Enio Tatto (PT): quem se beneficia da renúncia fiscal? – Foto: Rodrigo Costa/Alesp

As renúncias beneficiam principalmente as empresas que pagarão menos impostos em 2026 do que pagam hoje. “Por que tanta renúncia fiscal? Quem está se beneficiando tanto assim? A contrapartida está acontecendo? Quem tem esse privilégio de ter essas reduções fiscais?”, questionou o deputado Enio Tatto (PT) durante discussão na Comissão de Finanças e Orçamento.

Essa política de renúncia fiscal impacta diretamente as áreas sociais, como educação, saúde e universidades estaduais, que têm despesas vinculadas à arrecadação. Estima-se que R$ 17,7 bilhões deixarão de ser aplicados em educação, R$ 7,08 bilhões em saúde e R$ 5,6 bilhões nas universidades estaduais em 2026.

Os municípios também perderão R$ 19,6 bilhões, pois recebem repasses do governo do estado atrelados à arrecadação de impostos. “Isso tem impactado nas cidades. Não há, por parte do estado, qualquer contrapartida com repasses para corrigir as perdas de arrecadação tributária. Há municípios que chegam a perder 13% de arrecadação em função das desonerações concedidas pelo estado”, ponderou o deputado Luiz Cláudio Marcolino (PT).

Marcolino (PT): cidades perdem até 13% dos repasses estaduais - Foto: Rodrigo Costa/Alesp
Marcolino (PT): cidades perdem até 13% dos repasses estaduais – Foto: Rodrigo Costa/Alesp

O deputado também manifestou preocupação com a transferência de responsabilidades do estado para os municípios, citando despesas com merenda escolar, bombeiros, operação delegada, serviços de saúde especializados e assistência social. “Os gestores municipais querem entender qual será a solução para essa perda de arrecadação?”, perguntou.

Prioridades questionadas

As prioridades definidas pelo governador Tarcísio para 2026 representam apenas 9,4% do orçamento total de R$ 385 bilhões (valor de 2025). Além disso, o governo é acusado pela bancada petista de descumprir 51% das metas do primeiro ano do Plano Plurianual (PPA) 2024-27. Cortes na educação afetam a acessibilidade e a criação de novas vagas, enquanto na saúde, reformas e ampliações de unidades foram reduzidas em 32,5%.

Na habitação, houve redução no fomento habitacional, e na agricultura, o crédito rural teve queda expressiva de 92,78% em relação ao ciclo anterior. Na agenda ambiental, o número de imóveis rurais com atendimento concluído caiu de 230 mil para 100 mil. O Centro Paula Souza também sofreu cortes, com redução de 19% nas vagas para o ensino técnico.

Emendas tentam corrigir distorções

Donato (PT): redução de R$ 123 milhões nos programas sociais - Foto: Rodrigo Costa/Alesp
Donato (PT): redução de R$ 123 milhões nos programas sociais – Foto: Rodrigo Costa/Alesp

O deputado estadual Donato (PT), líder da federação PT/PCdoB/PV, afirmou que o governador extinguiu programas sociais existentes, com orçamento de R$ 623 milhões em 2023, para apresentar um novo projeto com apenas R$ 500 milhões, representando um corte de R$ 123 milhões na assistência social. Donato citou a inclusão do programa Superação na LDO, com meta de conceder 93,5 mil benefícios, mas criticou o projeto como “de marqueteiro”, visando a candidatura de Tarcísio à Presidência em 2026.

A bancada do PT apresentou emendas à LDO, com alguns pontos acatados, como a garantia de recursos para as universidades e transparência na execução orçamentária. No entanto, outras emendas importantes, como a redução dos restos a pagar das emendas impositivas e a transparência na renúncia de receita, não foram incluídas no relatório final.

Governo federal

A LDO prevê um crescimento econômico menor (1,7%) e inflação maior (4,5%) que as projeções do governo federal (2,5% e 3,5%, respectivamente). Apesar da previsão de aumento da receita primária em 5,2% e do superávit primário em 148%, chegando a R$ 10,2 bilhões, a oposição argumenta que esse resultado vem da redução de despesas correntes (3,4%) e aumento de receitas, e não de uma gestão eficiente.

Na Comissão de Finanças e Orçamento, Enio Tatto destacou a participação federal no estado: “os repasses da União para o estado de São Paulo cresceram 30%. Isso é muito bom. E a gente percebe que todas as grandes obras do Governo do Estado de São Paulo que estão previstas, Túnel Santos-Guarujá, ferrovia Campinas-São Paulo, Rodoanel, a expansão do metrô para Taboão da Serra e Jardim Ângela, tudo que estava há tempos sendo previsto vai se concretizar e vai sair do papel desta vez. Graças a quê? Graças a uma parceria e investimento entre o governo federal e o estado de São Paulo. Ninguém pode falar que isso não existe. Isso é bom para o Estado de São Paulo.”

Fonte:
PT Alesp
https://pt-assembleia-sp.org/geral/ldo-corta-gastos-sociais-e-eleva-beneficios-fiscais-para-empresarios/
Radar Democrático
Radar Democráticohttp://radardemocratico.com.br
Radar Democrático é um portal de notícias focado no estado de São Paulo. Valorizamos a democracia, a pluralidade de ideia, a diversidade étnica e cultural, e os direitos humanos. Acreditamos na mobilização e organização da população como fundamentais para as transformações sociais urgentes não só em nosso estado, mas no país.

FAÇA UM COMENTÁRIO

Por favor, escreva seu comentário!
Por favor, escreva seu nome

Hot this week

Adoecimento mental no trabalho e capitalismo de vigilância: sofrimento invisível e solitário

O Brasil e, em especial, o estado de São...

Lula garante moradia a famílias da Favela do Moinho, que Tarcísio queria derrubar à força

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou...

Ato marca 50 anos da luta por justiça pelo assassinato de Vladimir Herzog

No dia 27 de junho, sexta-feira, entidades jornalísticas se...

Sabesp privatizada: Hortolândia passa o fim de semana sem água e deputada cobra explicações

Moradores de Hortolândia enfrentaram falta d'água por dias após...

6º Filma Bauru abre inscrições para produções do interior paulista

O 6º Filma Bauru - Festival de Cinema do...

Topics

spot_img

Related Articles