quinta-feira, 30/10/2025
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Reforma agrária

Fachin concorda que julgamento da Lei da Grilagem de Tarcísio não pode demorar

Presidente do STF demonstra preocupação com possibilidade de consolidação das vendas de terras enquanto constitucionalidade ainda é questionada
Fachin concordou que é necessário julgar a lei antes que as vendas se consolidem. Foto: Luiz Silveira / STF
Fachin concordou que é necessário julgar a lei antes que as vendas se consolidem. Foto: Luiz Silveira / STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, manifestou apoio à análise célere da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que questiona a Lei da Grilagem (Lei 17.557/2022), em São Paulo. A ação foi movida pelo PT e foi o tema de audiência com o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e deputados paulistas nesta quarta-feira (29). Por meio desta lei, o governo paulista está vendendo fazendas do estado com descontos de até 90% para grileiros e grandes empresas agropecuárias.

Fachin, que já atuou como procurador-geral do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na década de 1980, relembrou sua proximidade com o tema da reforma agrária e a importância de que a ADI seja apreciada rapidamente para evitar que a venda das terras se consolide antes de uma decisão judicial sobre o assunto.

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Teixeira disse que lei paulista é uma afronta à Constituição. Foto: Luiz Silveira / STF
Teixeira disse que lei paulista é uma afronta à Constituição. Foto: Luiz Silveira / STF

A iniciativa de procurar o STF partiu de Paulo Teixeira, que já tratou do tema com os ministros Flávio Dino e Gilmar Mendes e pretende ainda se encontrar com Alexandre de Moraes e Carmén Lúcia, que é a relatora do caso e ainda não proferiu seu voto. Teixeira chamou a lei paulista que permite a venda de terras como uma “afronta à constituição federal” e comentou:

“enquanto São Paulo tem 6 mil famílias acampadas esperando por um lote de terra, o governador Tarcísio abriu um leilão das terras públicas por valores simbólicos, descumprindo a Constituição que manda fazer a reforma agrária”.

“Reforma agrária inversa”

Durante a audiência com Fachin, os deputados presentes manifestaram preocupação com a “reforma agrária inversa” promovida pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na região do Pontal do Paranapanema e que pode se estender a outras áreas. Os parlamentares também alertaram para o risco de que outros estados sigam o mesmo caminho que São Paulo.

O PT apresentou na semana passada uma petição para que uma alteração na lei de 2022, sancionada neste mês pelo governador, também seja alvo do julgamento do Supremo. A alteração permite, por exemplo, o fatiamento das áreas para permitir a venda sem passar pelo Congresso Nacional, como exige a Constituição Federal.

A deputada estadual Professora Bebel (PT) criticou a venda de áreas públicas a preços abaixo do mercado para latifundiários e empresários rurais. Para ela, a alteração da lei abre caminho para a entrega de áreas ainda maiores para os grileiros.

“O objetivo dest trabalho é fazer com que o julgamento da ação que pede a inconstitucionalidade da lei paulista seja retomado pela Corte e as vendas destas terras, que deveriam servir a reforma agrária no Estado de São Paulo, sejam paralisadas”, comentou Bebel.

Emídio: ministro Fachin demonstrou sensibilidade com o tema da Reforma Agrária. Foto Foto: Luiz Silveira / STF
Emídio: ministro Fachin demonstrou sensibilidade com o tema da Reforma Agrária. Foto Foto: Luiz Silveira / STF

O deputado estadual Emídio de Souza (PT) enfatizou a urgência e a necessidade do julgamento da ADI no STF, argumentando que a lei de alienação das terras públicas de São Paulo, além de inconstitucional, fere princípios éticos e morais.

“O ministro Fachin demonstrou sensibilidade com o tema e se dispôs a trabalhar pela celeridade”, afirmou o deputado.

Também participaram do encontro os deputados estaduais Eduardo Suplicy (PT) e Carlos Giannazi (PSOL) e federais Luciene Cavalcante (PSOL) e Nilton Tatto (PT).

A deputada estadual Beth Sahão (PT) já havia se reunido na semana passada (dia 22) com a ministra Cármen Lúcia, relatora da ADI, para solicitar celeridade no julgamento. Sahão expressou preocupação com o Programa Estadual de Regularização de Terras, alegando que ele “premia os grileiros” ao permitir a negociação indiscriminada de terras públicas.

Programa Federal “Terra da Gente” como contraponto

Os parlamentares contrastam a situação em São Paulo com o programa federal “Terra da Gente”, que beneficia 295 mil famílias agricultoras em todo o país. Eles defendem que as terras devolutas (áreas públicas invadidas por fazendeiros) devem ser utilizadas para o bem comum e ter sua função social respeitada, priorizando a distribuição equitativa das terras.

 

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