
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) revelou uma série de irregularidades encontradas na alimentação servida em escolas públicas estaduais e municipais de São Paulo, após uma fiscalização realizada em 29 de setembro de 2025.
Conforme o TCE-SP, auditores encontraram alimentos vencidos, como mais de oitenta pacotes de feijão e dezenove litros de leite, além de carne moída fora das especificações, com plástico e sem data de vencimento, e condições precárias de higiene e armazenamento, colocando em risco a saúde dos alunos.
A operação abrangeu 371 escolas, sendo 262 municipais e 109 estaduais, localizadas no interior, litoral e na Região Metropolitana de São Paulo, em 265 municípios paulistas. Participaram da ação 382 auditores do TCE-SP, que contaram com o apoio logístico de nutricionistas do Conselho Regional de Nutrição/3ª Região. O objetivo foi verificar as condições de preparo e distribuição da merenda escolar, a frequência e tipo de alimentação oferecida, e a supervisão de nutricionistas nos cardápios e preparo das refeições.
Entre as falhas mais preocupantes, o relatório indicou que 77,8% das escolas não possuíam certificado de potabilidade da água, e 24% não tinham laudo recente de higienização das caixas d’água, o que aumenta o risco de contaminação. No quesito higiene e armazenamento, 28% dos alimentos estavam em contato direto com o piso ou paredes, sem o uso de paletes ou prateleiras, e 6,2% eram armazenados junto a produtos de limpeza. O controle de temperatura era inadequado em 34,6% das unidades escolares, e 10,2% dos alimentos de origem animal não tinham registro em órgãos de inspeção.
A fiscalização também apontou problemas estruturais e de gestão. Detectou-se que 21% das áreas de preparo dos alimentos apresentavam rachaduras, infiltrações ou descascamentos, e 35% das escolas não possuíam ventilação adequada. Além disso, 31% das unidades tinham equipamentos quebrados, como freezers, geladeiras e fogões, e em 24% das escolas as cozinheiras não usavam uniformes completos e adequados.
Na gestão e acompanhamento da alimentação, 38,8% das escolas não utilizavam Fichas Técnicas de preparação dos alimentos e 37,2% não realizavam testes de aceitabilidade com os estudantes. A fiscalização dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE) também foi deficiente, com 49,7% dos conselhos sem registro de fiscalização regular.