
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Leandro Soares, ressaltou a apreensão dos trabalhadores com os impactos do tarifaço de Donald Trump nos empregos e salários. A preocupação com a economia e os empregos em São Paulo, estado que seria um dos mais afetados pelas medidas, foi o foco da entrevista de Leandro ao Radar Democrático.
“Essa questão do tarifácio, a princípio, trouxe realmente uma preocupação muito grande para os trabalhadores porque eles não sabiam o que poderia impactar ou não”, afirmou Soares, demonstrando a incerteza que paira sobre a classe trabalhadora.
Soares destacou a importância do diálogo com os trabalhadores e a disponibilidade do sindicato para negociar e buscar soluções. “O sindicato está à disposição de negociar. Sentar para conversar e discutir a realidade de cada empresa.”
Veja a entrevista de Leandro Soares na íntegra
Retaliação aos Brics
Para o sindicalista, a tarifação imposta por Trump é uma estratégia política contra o Brasil. Ele acredita que a real motivação por trás da medida é a ameaça representada pelo BRICS e a possibilidade de uso de outra moeda nas transações comerciais internacionais. “A ameaça que o BRICS leva aos Estados Unidos com a questão de uma moeda alternativa ao dólar, que é a grande motivação do Trump, é justamente o ataque ao BRICS e pega o Brasil para Cristo”, declarou.
O presidente do sindicato ressaltou a importância do BRICS e a diversificação dos parceiros comerciais do Brasil como forma de reduzir a dependência dos Estados Unidos. Ele mencionou a abertura de novos mercados durante o governo Lula e a necessidade de o Brasil investir em relações comerciais estratégicas com outros países, como a China. “O presidente Lula abriu mais de 380 mercados depois que voltou a ser presidente.”, afirmou.
Soares defendeu a reciprocidade na relação Brasil-China, com foco em investimentos e geração de empregos. “pô, nós somos importantes para vocês, mas vocês também são importantes para nós. De que forma? Fazendo com que a China invista em indústria aqui e gere emprego aqui também.”
Mobilização política
O sindicalista enfatizou a importância da luta dos trabalhadores e a necessidade de representatividade política. “O trabalhador hoje ele consegue enxergar através das nossas lutas, das nossas pautas, das nossas bandeiras a necessidade de nós termos representantes dos trabalhadores”, disse.
Ele também criticou a atuação de políticos no Congresso Nacional que, segundo ele, legislam em causa própria, desconsiderando os interesses da população e do país. “Inclusive, boa parte desses deputados de PL, PSL, e o próprio Centrão mesmo, legislam hoje em benefício de causa própria […]. Então, é uma forma de defender os interesses deles, não os interesses do povo brasileiro […].”
Comunicação com os trabalhadores
Soares reconheceu os desafios da esquerda em se comunicar com a juventude e a necessidade de utilizar novas ferramentas, como o WhatsApp, para dialogar com os trabalhadores. “Hoje, o WhatsApp é a principal ferramenta que nós temos de comunicação e não tem jeito, a gente precisa se apropriar disso.”
Ele também defendeu a importância de disputar a narrativa com grupos conservadores e igrejas pentecostais. “A gente precisa disputar a narrativa com as igrejas pentecostais a gente precisa discutir a narrativa com essa direita que inclusive se usa do oportuno e da mentira”, afirmou.
O sindicalista ainda fez uma autocrítica à esquerda, afirmando que é preciso ouvir mais a base. “Eu entendo que a esquerda precisa ouvir mais… A gente não ouve, a gente só quer impor o que a gente entende que é importante.”
Soares mencionou a criação do movimento suprapartidário “Somos Mais” em Sorocaba, que busca agregar pessoas que defendem a democracia, políticas públicas e os direitos dos trabalhadores. “em Sorocaba nós criamos o movimento Somos Mais. É um movimento suprapartidário, que todo mundo que defende a democracia […] podem vir e somar.”
Omissão de Tarcísio
O presidente do sindicato criticou a gestão do governador Tarcísio de Freitas, acusando-o de vender as riquezas do estado e de não dialogar com a população. “O Tarcísio não tem construído nada de bom para o Estado. Muito pelo contrário, tem vendido todas as riquezas do Estado mais rico do nosso país.”
Ele também criticou a implementação de pedágios (free flows) na região de Sorocaba. “O presente que ele levou para Sorocaba e região foram 23 free flows ou seja, é o pedágio”, ironizou.