quarta-feira, 1/10/2025
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Tribunal de Contas: Tarcísio nomeia raposa para cuidar do galinheiro

Aprovado pela Alesp para o TCE, Wager Rosário participou de reunião golpista com Bolsonaro e ajudou Mauro Cid no caso das jóias
Indicado por Tarcísio ao TCE, Wagner Rosário foi ministro de Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa / PR
Indicado por Tarcísio ao TCE, Wagner Rosário foi ministro de Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa / PR

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) conseguiu colocar num órgão fiscalizador um aliado com histórico de participação em reunião golpista e acusado de passar pano para irregularidades. Nesta terça-feira, 23, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou, por 59 votos a 16, a indicação de Wagner de Campos Rosário para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP).

A nomeação, proposta pelo governador foi marcada por forte resistência da oposição, que questionou a idoneidade e o histórico do indicado em cargos anteriores.

Aprovação Conturbada na Alesp

Wagner Rosário foi sabatinado na Alesp em 2 de setembro, mas sua aprovação só ocorreu após um período de intensa articulação e obstrução da oposição. Deputados da esquerda conseguiram “emperrar” a votação por três semanas, adiando a aprovação do nome.

Ex-Controlador-Geral do Estado (CGE-SP) desde 2023, Rosário tem um longo currículo, incluindo mestrado em Combate à Corrupção e Estado de Direito pela Universidade de Salamanca e atuação como ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) entre 2017 e 2022 (governos Temer e Bolsonaro).

No TCE, ele terá a responsabilidade de fiscalizar e julgar a gestão dos recursos públicos estaduais e municipais, inclusive as contas do governador que o indicou. Enquanto a maioria governista, incluindo o deputado Barros Munhoz (PSDB), defendia que o indicado possui “reputação ilibada e é competente para exercer o cargo”, as bancadas de oposição manifestaram veementemente sua contrariedade.

O deputado Paulo Fiorilo (PT) questionou a proximidade entre Rosário e Tarcísio, apontando a possibilidade de conflito de interesses ao votar as contas do governador.

Histórico Polêmico na Gestão Bolsonaro

O principal ponto de controvérsia reside na atuação de Wagner Rosário durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando foi ministro da CGU. Em 5 de julho de 2022, ele participou de uma reunião com o ex-presidente e outras autoridades, na qual um relatório da CGU que assegurava a confiabilidade das urnas eletrônicas foi discutido.

Apesar do documento atestar a segurança do sistema, Rosário criticou o relatório, chegando a classificá-lo como “horrível, uma merda, não falava nada com nada”. Esse vídeo da reunião foi posteriormente utilizado nas investigações da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado que culminou na condenação de Bolsonaro e outros golpistas no Supremo Tribunal Federal (STF).

A deputada estadual Thainara Faria (PT), líder da Minoria na Alesp, criticou o histórico de Rosário, alegando que, enquanto ministro da CGU, ele teria prevaricado diante de denúncias de negligência do então Ministério da Saúde na pandemia e ignorado fraudes no auxílio emergencial. Ela também o acusou de ter utilizado a estrutura da CGU para criar “factóides” sobre as urnas eletrônicas.

A deputada estadual Mônica Seixas (PSOL) expressou sua indignação em redes sociais, qualificando a aprovação como “uma afronta ao povo de São Paulo” e vinculando Rosário diretamente à reunião de Bolsonaro que “conspirava apontar que havia irregularidade nas urnas eletrônicas, o primeiro passo dado rumo a tentativa de golpe”.

Além disso, Rosário foi alvo de questionamentos por sua suposta colaboração com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, nas investigações sobre as joias sauditas. Mensagens reveladas pela Polícia Federal indicam que Rosário solicitou um arquivo relacionado ao termo de retenção das joias e ofereceu ajuda a Cid para responder a um processo na Comissão de Ética da Presidência.

Críticas à Atuação na Gestão Tarcísio

As críticas à idoneidade de Wagner Rosário se estendem à sua atuação como Controlador-Geral do Estado na gestão de Tarcísio de Freitas. Thainara apontou que Rosário não tomou providências em relação às denúncias do processo de venda da Sabesp, nem agiu diante do propinão da SEFAZ [Secretaria da Fazenda]”, um escândalo envolvendo valores bilionários na homologação de créditos de ICMS, que já era alvo de suspeitas do Ministério Público e da Polícia Civil há meses.

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