Governador intensifica agenda com o mercado enquanto novos desdobramentos sobre a privatização da SABESP e o escândalo envolvendo Banco Master e EMAE levantam dúvidas sobre a condução das políticas públicas em São Paulo, de acordo com Conexão PT.
Por Radar Democrático
De acordo com Conexão PT, deste 1 de dezembro, o governador Tarcísio de Freitas passou a semana prestando contas ao seu público favorito: os investidores do Banco UBS e da XP. Em sua participação nos eventos, reafirmou alinhamento ao mercado com pautas como privatizações, cortes de gastos e a defesa de uma “centro-direita liberal e conservadora”.
Exibindo números da pesquisa QUEST — frequentemente criticada por seus questionários desenhados para confirmar teses de seus contratantes, entre eles a própria campanha Tarcísio 2026 — o governador afirmou que “Lula já deu” e que “vamos tirar o Brasil do PT”.
Crescimento e indicadores nacionais contrastam com crítica
Segundo a análise publicada pelo Conexão PT, antes de “já ter dado”, o governo Lula, em seu terceiro mandato, acumula resultados relevantes:
- maior taxa de crescimento econômico dos últimos 15 anos;
- menor taxa de desemprego da série histórica (5,4% em outubro de 2025);
- redução da desigualdade com aumento real do salário mínimo e retomada de políticas sociais;
- isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e redução até R$ 7,5 mil;
- expansão de programas como Gás para Todos e Pé de Meia;
- maior taxa de investimento desde 2015, com inflação em queda e renda em alta.
O que Tarcísio entregou?
Enquanto isso, o governo paulista contabiliza medidas controversas, segundo o Conexão:
- privatizações e concessões com pedágios mais caros e implantação do sistema free-flow;
- venda de 750 mil hectares de terras públicas griladas com descontos de até 90% aos ocupantes ilegais;
- piora do ensino médio com plataformas padronizadas;
- renúncia fiscal de R$ 85 bilhões para 2026 — 25% de toda a receita tributária do Estado.
Privatização da SABESP e o caso EMAE
A principal marca da gestão Tarcísio foi a privatização da SABESP, em articulação com atores do mercado financeiro. Após a operação, relatos de piora na qualidade da água, no abastecimento e aumento das tarifas se tornaram recorrentes.
Mais recentemente, o governo enviou à ALESP um projeto para entregar à SABESP a gestão de águas e esgoto de todo o Estado.
A situação se agravou com a prisão de Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, revelando novas ligações com a compra da EMAE pela SABESP.
Como se deu o negócio da EMAE, segundo Conexão
A EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), responsável pela gestão das represas Billings e Guarapiranga, foi privatizada em abril de 2024 e vendida ao empresário Nelson Tanure — conhecido por adquirir empresas em dificuldade para desmontá-las e vender seus ativos.
Tanure mantinha relações comerciais frequentes e de grande volume com o Banco Master, levantando suspeitas de sociedade oculta.
O escândalo ganhou força quando veio à tona uma aplicação da EMAE privatizada: R$ 160 milhões em títulos emitidos pelo Banco Master. O banco, por sua vez, redirecionou os recursos para fundos e empresas ligados a Tanure — uma operação que, segundo o boletim, caracteriza desvio de ativos.
Essa dívida da EMAE virou “cinza”. Em outubro, a SABESP “comprou” a empresa.
A conexão com a XP
Segundo Conexão PT, a XP, anfitriã frequente de Tarcísio em seus eventos, havia financiado a compra da EMAE por Tanure. Como o empresário não pagou uma parcela vencida em setembro, a XP executou as ações dadas em garantia e as vendeu para a SABESP, que passou a controlar também as águas das represas Billings e Guarapiranga — agora passíveis de uso sob a lógica de retorno financeiro aos acionistas.
Relações políticas e doações
O boletim lembra ainda que Fabiano Zettel, cunhado de Vorcaro e também investigado no caso do Banco Master, foi o maior doador individual da campanha de Tarcísio ao governo de São Paulo em 2022, com R$ 2 milhões, além de ter participado da operação de compra da EMAE por Tanure.
Segundo a análise do Conexão PT, Tarcísio acumula poucos resultados concretos, muitos escândalos bilionários e relações controversas com empresários e intermediários do mercado financeiro. Governando há apenas três anos, conclui o boletim, “já deu”.
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