Geralmente, quanto mais violenta a ação policial, mais insegura a sociedade. Para doutora em sociologia pela Unicamp, Camila Vedovello, as políticas de segurança pública estão ultrapassadas; tanto a violência policial quanto o encarceramento em massa são ineficazes e pioram a realidade da população.
Em entrevista ao site Extra Classe, a socióloga e professora evidencia que neste tipo de política, o tiro sai pela culatra. “As ações policiais violentas e a letalidade policial não garantem em nada uma maior segurança da população. Ao contrário, quanto mais violenta for a polícia, mais insegura fica a sociedade”.
E os números indicam que o governador Tarcísio de Freitas aposta na insegurança da sociedade paulista. Foram registradas 760 mortes cometidas por policiais militares do estado de São Paulo em 2024, segundo dados do Ministério Público.
O número foi estabelecido por um levantamento do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público (Gaesp-MPSP).
Os óbitos subiram em 65,2% em comparação a 2023, primeiro ano do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e 91% a mais que os contabilizados em 2022, quando 396 pessoas morreram por intervenções policiais.
A escalada dos crimes levou à formalização de denúncias ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente depois das 28 mortes na Operação Escudo.
O governador foi até mesmo obrigado a mudar de opinião sobre a utilização de câmeras na farda dos policiais por conta do aumento da violência da PM paulista. Mas isso não basta.
Com o aumento da violência policial, a população passa a desacreditar na função protetora da polícia. É preciso investir em formação, mas principalmente mudar o modelo de gestão da PM. O Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, tem grande parcela de responsabilidade nesse triste quadro das mortes da população pela PM.
Mário Camargo, jornalista, é um dos criadores e editores do Radar Democrático.
* O Radar Democrático publica artigos de opinião de autores convidados para estimular o debate.