Foto: entrevista com Carlos Giannazi
O Radar Democrático traz uma entrevista que ninguém preocupado com o presente — e o futuro — de São Paulo pode ignorar. Em uma conversa intensa, franca e repleta de revelações, o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) — professor, mestre em Educação, doutor em História pela USP e uma das vozes mais combativas da Alesp — desmonta as engrenagens do atual governo paulista e expõe como suas decisões impactam diretamente a vida de milhões de pessoas.
Giannazi traça um retrato duro e detalhado da gestão Tarcísio de Freitas: privatizações em série, ataques à ciência e ao patrimônio público, militarização das escolas, aprofundamento das desigualdades e um modelo de Estado moldado para atender aos interesses do mercado — e não do povo.
O resultado é uma entrevista que provoca, informa e convoca. Uma entrevista que não é para assistir distraidamente, mas para compreender o tamanho dos desafios que estão diante de nós.
“Um governo corretor de imóveis”
De forma direta e sem rodeios, Giannazi aponta o que considera o eixo central do governo Tarcísio: transformar o Estado em balcão de negócios. Segundo ele, o governador vem promovendo uma entrega acelerada de patrimônio público:
- Privatização da Sabesp, CPTM, Metrô e balsas;
- Leilão de escolas públicas na Bolsa de Valores;
- Fechamento de salas e turnos, sucateando a educação;
- Avanço dos pedágios urbanos e sistemas free flow, que pesam no bolso de trabalhadores;
- Doação de terras públicas a grandes latifundiários — o que o deputado chama de “reforma agrária para os ricos”.
- Para Giannazi, o governo age como representante de corporações e investidores — e não da população que depende de serviços públicos de qualidade.
Ataques à ciência e à cultura: um projeto para desmontar o futuro
O deputado descreve a ofensiva contra institutos científicos, universidades e políticas culturais como uma política deliberada de apagamento do conhecimento. Entre os pontos revelados:
- Tentativa de vender 35 áreas de institutos de pesquisa;
- Aprovação do PLC 9/2025, que desfigura a carreira de pesquisador científico;
- Estrangulamento das universidades estaduais;
- Desmonte de oficinas e programas culturais.
- Segundo ele, trata-se de uma agenda negacionista que ameaça décadas de investimento público em ciência e cultura.
Escolas cívico-militares e o “ovo da serpente”
Giannazi é categórico: a militarização das escolas é um projeto político, não educacional.
Ele denuncia:
- Criminalização da pobreza e foco nas periferias;
- Contratação de monitores militares sem formação pedagógica, ganhando mais do que professores;
- Introdução de uma ideologia de extrema direita no ambiente escolar.
Em audiência no STF, deixou um alerta que ecoa na entrevista:
“Se essas escolas forem implantadas, estarão criando o ‘ovo da serpente’.”
Seu coletivo, Educação em Primeiro Lugar, conseguiu suspender a implementação do modelo no estado — por enquanto.
Sabesp privatizada: a “Enel da água”
Após a privatização, os relatos se multiplicam: contas mais caras, cobranças abusivas, renegociações inviáveis e dívidas empurradas para cartões de crédito com juros absurdos.
Giannazi afirma:
“Avisamos desde o princípio: estavam criando a ENEL da água.”
Mesmo assim, o projeto avançou — impulsionado por mídia favorável e pela baixa mobilização popular.
E agora? Como resistir?
O mandato de Giannazi atua diariamente na linha de frente — com ações no Ministério Público, Tribunal de Contas, Defensoria e na própria Alesp.
Mas o deputado é incisivo:
“Sem mobilização popular, não há como barrar os retrocessos.”
Ele faz um chamado contundente para a formação de uma frente ampla em defesa do serviço público e da democracia — unindo:
- servidoras e servidores de todas as áreas,
- movimentos estudantis e populares,
- sindicatos,
- entidades científicas e culturais,
- parlamentares comprometidos com o interesse público.
- Para ele, somente uma articulação ampla, plural e combativa será capaz de interromper o desmonte, proteger direitos e reconstruir o papel social do Estado.
Campos Elíseos: quem ganha e quem perde
O megaempreendimento que pretende transferir a sede do governo para os Campos Elíseos é denunciado como um vetor de:
- especulação imobiliária,
- expulsão de famílias vulneráveis,
- e aprofundamento da higienização social.
- Mais um projeto que, segundo Giannazi, favorece interesses privados às custas da vida urbana e da população pobre.
Foto: Norian Segatto e Rogério Bezerra entrevistam Carlos Giannazi para o Radar Democrático em Podcast
Frente ampla para derrotar Tarcísio
Giannazi também faz um chamado poderoso e inadiável: é hora de construir uma frente ampla em defesa do serviço público e da democracia. Ele convoca servidoras e servidores, movimentos sociais, entidades sindicais, coletivos culturais, organizações científicas, parlamentares comprometidos e toda a sociedade que depende de políticas públicas robustas e de um Estado que funcione para o povo.
Segundo o deputado, apenas uma articulação ampla, unificada e verdadeiramente combativa será capaz de deter os retrocessos, enfrentar com firmeza os projetos de desmonte e assegurar que o Estado continue exercendo seu papel fundamental — protegendo direitos, promovendo justiça social e fortalecendo a democracia brasileira.
Quer entender o que realmente está em jogo em São Paulo? Assista:
“Corretor de imóveis”: Carlos Giannazi define a atuação de Tarcísio e chama por frente ampla em SP
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