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A derrubada da Medida Provisória 1303, conhecida como MP do IOFl ou BBB, expôs as prioridades do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). A MP visava taxar bancos e grandes fortunas para equilibrar o orçamento e ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda, mas foi derrubada após articulação de Tarcísio.
Reportagem de Cleber Lourenço no ICL Notícias destaca que enquanto barrava a tributação sobre os super-ricos, Tarcísio avançava na multiplicação dos pedágios e no aumento da cobrança sobre os trabalhadores em São Paulo. Desde o início de sua gestão, o estado inaugurou mais de 10 novos pontos de pedágio e implantou pórticos eletrônicos em rodovias importantes. A estimativa é que, até o final de 2025, somente o litoral conte com 37 praças e pórticos, consolidando-se como o estado com a maior densidade de pedágios do Brasil.
De acordo com a publicação, esses números revelam uma política de arrecadação que onera a renda de quem depende das estradas para sobreviver. Um motorista que utiliza diariamente o trecho da SP-333 entre Jaboticabal e Itápolis gasta, em média, R$ 210 por mês apenas com pedágios. O sistema free flow aumentou o gasto médio de deslocamento em até 40% em municípios como São Roque e Alumínio.
No litoral, um novo pacote de concessões prevê 15 pórticos eletrônicos nas rodovias SP-055, SP-088 e SP-098, conectando diversas cidades. Associações comerciais e sindicatos alertam para o impacto econômico, com o aumento do custo logístico ameaçando encarecer produtos, reduzir o turismo e prejudicar os trabalhadores.
Durante a sessão que rejeitou a MP do IOF, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) agradeceu publicamente a Tarcísio, exaltando sua habilidade em costurar acordos. O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, afirmou que “o que se derrubou não foi apenas uma MP, foi a chance de o país começar a tributar o que realmente precisa ser tributado”.
A contradição de Tarcísio se materializa a cada novo pórtico instalado. O discurso de modernização e eficiência contrasta com o aumento do custo de vida da população, transformando as estradas em fonte permanente de receita.