
Por Paulo Salvador
O filme Apocalipse nos Trópicos em exibição nos cinemas e na Netflix é um documentário sobre os evangélicos e a política. Com direção de Petra Costa – que realizou o documentário Democracia em Vertigem sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e concorreu ao Oscar em 2019 – narra as mobilizações de setores evangélicos no Brasil nos últimos oito anos, desde o golpe do impeachment até o ataque aos poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Dividido em capítulos, o documentário traz uma seleção de imagens jornalísticas das manifestações que misturam religião e política de direita, com a voz de fundo da diretora explicando imagens e momentos.
É de sentir nojo e vergonha de como fazem uso da fé cristã para movimentar ideias da ultradireita e do fascismo. Mostra o comportamento insano e assustador da multidão em oração a sabe-se lá a quem, todos sempre possuídos, mas não do Espírito Santo. Desvenda-se a manipulação política das massas e das igrejas. O personagem principal é o oportunista Silas Malafaia filmado em sua mansão, jatinho e pregações. Relembra a adesão de Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente, a essa nação e o quanto ele é tosco e grosseiro.
Ao recuperar as origens desse movimento crente fascista nos EUA, o filme documenta como o capitalismo usa esse segmento no mundo para fins políticos incluindo no Brasil, quando a prática religiosa é usada para atacar a democracia e impor supremacismo.
A igreja católica entra no filme como responsável por facilitar o crescimento popular dos evangélicos ao impedir a teologia da libertação que era a igreja dos pobres deixando-os no sofrimento social. O ex-presidente Lula dá sua opinião de como vê essa ascensão das igrejas. Aparecem os deputados da bancada da Bíblia, a nomeação do ministro do STF terrivelmente evangélicos e a desinformação nas famílias e internet.
O filme pega da Bíblia o controverso Apocalipse, sobre o retorno de Jesus em pinturas de Hieronymus Bosch afirma que essa guerra – sim, estes evangélicos estão em guerra contra a democracia – só terá fim com mais sofrimento.
Nesse ritmo evangélico, o apocalipse será uma guerra civil. Pois ali estão milicianos dispostos a tudo, o que vai gerar a autodefesa da democracia. O documentário é a vida real no Brasil hoje mas já vimos esse filme na história na Itália de Mussolini e na Alemanha de Hitler.
O documentário de Petra serve de alerta. É hora das lideranças religiosas construírem a defesa da democracia dentro das pregações.

Paulo Salvador é jornalista e presidente da TVT News.
* O Radar Democrático publica artigos de opinião de autores convidados para estimular o debate.