
Segundo informações da coluna da jornalista Malu Gaspar, em O Globo, embora não admita publicamente, Jair Bolsonaro discute nos bastidores a possibilidade de não concorrer à presidência em 2026. A principal preocupação do ex-presidente é garantir um indulto, caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tramar um golpe de Estado. E o nome mais indicado para isso seria o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Para Bolsonaro, o candidato ideal precisa se comprometer com o indulto. “Vai ter de ser alguém na Presidência que tenha o comprometimento, não sei de que forma, de que isso [o indulto] seja cumprido”, declarou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em entrevista à Folha de S.Paulo.
A coluna informa que no círculo próximo ao ex-presidente a avaliação é de que nem Michelle nem Eduardo Bolsonaro teriam o capital político necessário para garantir o indulto, que poderia ser facilmente derrubado pelo STF ou gerar conflitos no Congresso. A maioria dos outros candidatos de direita também não teria influência ou vontade política para se expor no início do mandato para resolver um problema de Bolsonaro. É nesse cenário que o nome de Tarcísio emerge como o mais cotado.
Tarcísio sofreria menos resistência por não ser da família Bolsonaro, teria habilidade política para articular um indulto no Congresso e no STF, justificando a medida em nome da “pacificação” do país. Além disso, há a crença no grupo bolsonarista de que Tarcísio seria leal e cumpriria a promessa feita ao ex-presidente. “Com o Tarcísio, a questão do indulto possivelmente estaria resolvida”, afirmou à Malu Gaspar um interlocutor de Bolsonaro no meio jurídico. A fonte complementa que Tarcísio “é a única pessoa que tem credibilidade suficiente para que o Supremo acredite que um governo de direita não vá continuar com essa perseguição”.
O governador paulista também se destaca nas pesquisas de opinião, empatando tecnicamente com o presidente Lula (PT) e com menor índice de rejeição que outros potenciais candidatos bolsonaristas. Um ex-ministro de Bolsonaro, ouvido pela colunista, destaca a capacidade de articulação do governador: “Tarcísio é o único com pontes construídas com o STF e visto com respeito e sensatez pelos ministros, por ser ponderado e saber conversar”.
A atuação de Tarcísio como “bombeiro” em crises entre o Judiciário e o Parlamento reforça sua imagem de negociador. Um exemplo citado é sua intervenção no caso do senador Jorge Seif (PL-SC), que enfrenta um processo de cassação no TSE. A escolha de Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, aliado do ministro Alexandre de Moraes, para chefiar o Ministério Público de São Paulo, também é vista como um aceno ao STF. Até o momento, Tarcísio não confirmou sua candidatura à presidência, mas, assim como outros candidatos de direita, sabe que o apoio de Bolsonaro depende da promessa do indulto.