
Por deputado Maurici
De uma coisa a gente já sabia: cedo ou tarde, a população pagaria a conta da privatização desenfreada do patrimônio público promovida pelo governador Tarcísio de Freitas. Não foi surpresa a fatura bater tão rápido no bolso das pessoas, como estamos vendo agora com a implantação de 58 novos pedágios nas rodovias de São Paulo.
A insatisfação com esse plano mirabolante do governador é geral. Com o crescimento das cidades, muitas rodovias se tornaram importantes avenidas. Há cidades em que os cidadãos precisam passar obrigatoriamente por rodovias para acessar alguns bairros. Cobrar pedágio dos moradores para que eles possam ir e vir dentro de seus próprios municípios é, no mínimo, cruel.
O Free flow, que é o sistema de pedágio que está sendo proposto pelo governador Tarcísio, é diferente do modelo convencional composto por cabines que são operadas por pessoas que cobram do motorista. E, ao contrário do que possa parecer, o Free flow prejudica ainda mais o motorista.
Caso o motorista não tenha a tag de pedágios instalada em seu carro, ele vai precisar baixar o aplicativo da concessionária que administra a rodovia e informar sua placa para ser notificado quando passar pelo Free flow e poder fazer o pagamento dentro do prazo determinado. Caso o motorista não faça isso, ele receberá notificação em casa e, se não efetuar o pagamento no prazo determinado, a cobrança será em forma multa, que tem valor muito superior ao do pedágio.
O Free flow não facilita para o motorista. Prova disso é que um desses pedágios, instalado na rodovia Rio-Santos, aplicou um milhão de multas entre setembro de 2023 e dezembro de 2024, que custaram mais de R$ 200 milhões para o bolso dos motoristas, além de 5 pontos na carteira de habilitação por evasão de pedágio.
A surpresas para esses motoristas, quando vão licenciar seus carros: descobrem que estão devendo uma fortuna em multas, por evasão de pedágio.
Como se não bastasse retirar o direito das pessoas irem e virem dentro de suas cidades, com o Free flow de Tarcísio de Freitas cria também uma indústria da multa no estado de São Paulo.
A população já percebeu que a privatização das rodovias vai doer no bolso e mandou seu recado com todas as letras para o governador, que está vendo sua popularidade cair.
Até mesmo os deputados que formam a base de apoio ao governo na Assembleia Legislativa estão pulando para fora do barco e se posicionando contrários à implantação de novos pedágios nas rodovias de São Paulo.
O governador sentiu a pressão e, nas últimas semanas, anunciou recuos nos novos pedágios, como nos que tinha previsto para serem implantados na chamada Rota Sorocabana e a rodovia Luiz de Queiroz, a SP-304, na região de Piracicaba.
É preciso que mais vozes se unam para que novos pedágios não saiam do papel. Um recado deve ser dado ao Governador: Tarcísio, São Paulo não precisa da sua indústria da multa! São Paulo não aguentará mais 58 pedágios.

Mário Maurici de Lima Morais, deputado estadual, primeiro-secretário da Assembleia Legislativa de São Paulo. É jornalista, foi vereador e prefeito de Franco da Rocha, vice-presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e presidente da Ceagesp.
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