
Por Rogério Bezerra e Wanderley Garcia
A Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) foi a única instituição que demonstrou interesse em assumir a gestão do Hospital Estadual de Sumaré (HES), segundo apuração do Radar Democrático. Na prática, isso significa que a Unicamp deve seguir na gestão da unidade hospitalar, só que agora por meio da fundação.
Atualmente, há um convênio entre governo do estado e Unicamp, em que a Funcamp é uma parceira da Universidade na gestão do HES. Mesmo a Fundação sendo a única candidata, ainda cabe à Secretaria Estadual de Saúde a análise da proposta.
A convocação pública para a gestão do hospital foi publicada em 4 de junho deste ano. Houve uma forte mobilização da comunidade da Unicamp e também da região para que a gestão continuasse com a Unicamp. No entanto, o governo Tarcísio insistiu no novo modelo, de gestão por uma OSS (Organização Social de Saúde). A Funcamp tem até o dia 21 de julho para entregar o plano operacional para assumir a nova administração.
Até o fim deste mês a gestão acontece no modelo anterior, tendo a Unicamp, aliada à Funcamp, como gestora. A escolha da Funcamp, se confirmada poderá manter não só o atendimento à população, mas também o perfil de hospital-escola, uma vez que continuará o vínculo com a universidade.
A Unicamp administra o HES há 25 anos e em 2022 a unidade foi considerada o Melhor Hospital Público do Brasil pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O professor Edson Bueno, médico sanitarista do Departamento de Saúde Coletiva da FCM, disse que durante as negociações o governo estadual já havia sinalizado interesse que a Unicamp continuasse com a gestão, mesmo sob o novo modelo de contratação da Funcamp como OSS. Sendo confirmada a contratação da Funcamp, também seriam mantidas as atividades de ensino na área médica dentro do hospital.
Mobilização contra a privatização do HES
A reação da comunidade ao plano privatista de Tarcísio foi intenso. Alunos do curso de Medicina da Unicamp iniciaram uma greve no dia 18 de junho, que foi acompanhada por estudantes de outros 26 cursos. Houve atos em frente à unidade e também da sede da Secretaria Estadual de Saúde. Uma audiência pública na Câmara de Campinas lotou o plenário.
O Fórum das Seis (entidade que reúne os sindicatos de professores e servidores da Unicamp, Usp e Unesp) também se posicionou contrário à privatização. A Congregação da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp aprovou uma Moção dirigida ao governador, apontando os riscos para o hospital caso ocorresse o rompimento com a Universidade.
O médico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade, Fabio Alves, articulista do Radar Democrático, escreveu nesta segunda-feira que a privatização da Hospital Estadual de Sumaré representaria “um ataque não apenas à universidade pública e ao do Sistema Único de Saúde (SUS), mas ao próprio pacto federativo da saúde e à lógica pública, democrática e regionalizada de atenção hospitalar“.
Parlamentares também se mobilizaram contra a privatização, como a deputada estadual Ana Perugini (PT) e o deputado federal Carlos Zarattini (PT).